Depois de termos conversado sobre essa "coisa" de se procurar ver o mundo do ponto de vista dos outros desafiei-os a pensar em situações sobre as quais tivessem curiosidade. Ou seja, que se colocassem nos "sapatos" de outros e registassem (escrevessem ou desenhassem) algumas das questões que lhes vinham à ideia sobre essas situações.
Curiosamente muitos perguntavam "mas temos de saber as respostas?". Afinal estamos na escola, mas claro que os descansei. O importante era eles soltarem a imaginação e tentarem fazer perguntas, mesmo esquisitas, mesmo sem saber as respostas.
Todos sabemos que o grande motor da procura do conhecimento são as perguntas que nos intrigam. E para nos entusiasmarmos a tentar saber mais é preciso arriscar fazer perguntas, boas perguntas!
Para lhes mostrar que o importante é perguntar, e que não há mal nenhum em achar que não sabe a resposta, falei-lhes de um livro escrito por João dos Santos, um psicanalista infantil (que já morreu) mas de que eu gostava muito (para saber mais clicar aqui). O título desse livro era esta pergunta: "Se não sabe porque é que pergunta?" (ver o livro aqui).
Expliquei-lhes que a ideia é que quando fazemos uma pergunta já estamos a organizar ideias que nos podem ajudar a encontrar a resposta.
Então, já mais descansados, deitaram mãos à obra e sairam muitas questões, muitas ideias, e de natureza bem diferente. Umas vezes já colocavam respostas e algumas delas bem curiosas (por isso as partilhei aqui...). Acho que podem ser bons pontos de partida para conversarem mais, por exemplo, com os pais, com amigos, com os avós, com o professor.
Aqui ficam algumas das questões que eles registaram - quase todas em palavras mas também dois desenhos.
- o que sentiriam se caissem da torre Eifel?
- como dormem?
- como se deslocam no mundo?
- como nos vêem?
- será que têm sentimentos?
- como é que ouvem?
Como será ser um panda e sair do seu habitat natural? Como pode encontrar comida?
Como será a vida de um político?
Como é será ser-se morto? Como será estar dentro de um caixão, mas vivo?
Como é perder os pais ao vivo?
Como será a vida em cadeira de rodas? e a de um mudo (surdo)?
Como sente um macaco quando observa o mundo que existe fora da jaula?
Como é que os pássaros vêem o fogo?
Como é que os amigos pensam de nós?
Como será:
- ser rapariga (é ser atrevida)?
- ser rapaz (é ser chato)?
- ser adulto (é ser mais alto e inteligente!)?
- ser um recém-nascido que fica sozinho?
- ser um mágico?
- ser uma boneca? ser famosa?
- ser uma borracha?
- ser computador? como é que o PC consegue ler o que escrevemos?
- ser um vírus?
Como é que a primeira pessoa do mundo nasceu? De onde é que nasceu o mundo?
O que é que se verá quando se olhar para baixo de uma altura de 99999?
Não acham interessantes estas questões? Eu fiquei agradavelmente surpreendida. E eles claramente gostaram da actividade.
No final alguns manifestaram o desejo de construir um livro com estas questões. Acho que era uma ideia muito gira. Será que a vão concretizar ainda este ano na escola ou vão fazê-lo nas férias???
Podiam fazê-lo em papel mas também podiam fazer um livro digital. Por exemplo, podiam:
- usar algum dos programas que existem no Magalhães (alguns já têm e já usam)
- usar ferrramentas que estão na net.
Mas para estas precisam de alguma ajuda, por exemplo, dos pais ou irmãos mais velhos, ou fazerem com o vosso professor.
Aqui ficam dois sítios onde podem criar e partilhar livros digitais:
Livros Interactive Multimedia (aqui)
Book Builder (aqui)
Bem, e esta foi a minha última ssessão com estes pequenos e pequenas. Foram poucas mas eu gostei muito de os conhecer e de estar com eles. Aprendi imenso do mundo deles e de como pensam e o que os entusiasma. Espero que eles tenham gostado também...
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